"A batalha para alimentar a humanidade acabou. Centenas de milhões vão morrer nas próximas décadas, apesar de todos os programas contra a fome", escreveu o biólogo americano Paul Ehrlich em seu livro A bomba populacional, de 1968. Não era à toa. O número de pessoas no mundo chegava a assustadores 3,5 bilhões e, de fato, não existia terra suficiente para alimentar todas elas.
Mas Ehrlich errou. Ele não acreditava que um daqueles programas contra a fome daria certo. Era a Revolução Verde, um movimento que começou nos anos 40. O revolucionário ali foi dotar a agricultura de duas novidades. A primeira foram os fertilizantes de laboratório. Criados no começo do século XX, esses compostos químicos permitiam maior crescimento das plantas, com três nutrientes fundamentais: nitrogênio, potássio e fósforo. A segunda novidade eram os pesticidas e herbicidas químicos, capazes de destruir insetos, fungos e outros inimigos das lavouras com uma eficiência inédita.
E o resultado não poderia ter sido melhor: com essa dupla, a produtividade das lavouras cresceu exponencialmente. Tanto que, hoje, dá para alimentar uma pessoa com o que cresce em 2 mil metros quadrados; antes, eram necessários 20 mil.
A química salvou a humanidade da fome. Mas cobrou seu preço. Os restos de fertilizantes, por exemplo, tendem a escapar para rios e lagos próximos às plantações e chegar à vegetação aquática. As algas se multiplicam a rodo e, quando finalmente morrem, sua decomposição consome o oxigênio da água, sufocando os peixes. Com os pesticidas é pior ainda. Eles não são terríveis só contra os insetos que destroem lavouras, mas também contra borboletas, pássaros e outras formas de vida. A biodiversidade ao redor das fazendas fica minguada e, quando os agricultores exageram na dose, sobram resíduos nos alimentos, toxinas que causam danos à saúde das pessoas. Diante disso, muitos consumidores partiram para uma alternativa: os alimentos orgânicos, que ignoram os pesticidas e fertilizantes químicos em nome de integrar a lavoura à natureza.
(Adaptado de Ana Gonzaga. Superinteressante, novembro 2006, p.90-92)
De acordo com o texto,
a) os compostos químicos que passaram a ser utilizados na agricultura em meados do século passado são garantia de alimentação abundante e saudável para a humanidade.
b) o cultivo de alimentos sem o uso de fertilizantes químicos tornou-se atualmente alternativa mais condizente com a saúde da população e a proteção ao meio ambiente.
c) a ausência de terras férteis e disponíveis para a agricultura permite prever sérios problemas de alimentação para a maior parte da população do planeta.
d) uma das soluções atualmente encontradas para alimentar a humanidade está na água, como fonte inesgotável de produtos mais saudáveis para o homem.
e) o biólogo americano errou em seus cálculos referentes ao número de habitantes do planeta, porque não ocorreu o crescimento populacional esperado por ele.