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A educação é uma função tão natural e universal da comunidad 1487

A educação é uma função tão natural e

universal da comunidade humana que, pela própria evidência, leva muito

tempo a atingir a plena consciência daqueles que a recebem e praticam,

sendo, por isso, relativamente tardio o seu primeiro vestígio na

tradição literária. O seu conteúdo, aproximadamente o mesmo em todos os

povos, é ao mesmo tempo moral e prático. Também entre os Gregos foi

assim. Reveste, em parte, a forma de mandamentos, como honrar os deuses,

honrar pai e mãe, respeitar os estrangeiros; consiste, por outro lado,

numa série de preceitos sobre a moralidade externa e em regras de

prudência para a vida, transmitidas oralmente pelos séculos afora; e

apresenta-se ainda como comunicação de conhecimentos e aptidões

profissionais a cujo conjunto, na medida em que é transmissível, os

Gregos deram o nome de techné. Os preceitos elementares do procedimento

correto para com os deuses, os pais e os estranhos foram mais tarde

incorporados à lei escrita dos Estados. E o rico tesouro da sabedoria

popular, mesclado de regras primitivas de conduta e preceitos de

prudência enraizados em superstições populares, chegava pela primeira

vez à luz do dia, através de uma antiqüíssima tradição oral, na poesia

rural gnômica de Hesíodo. As regras das artes e ofícios resistiam

naturalmente, em virtude da sua própria natureza, à exposição escrita

dos seus segredos, como esclarece, no que se refere à profissão médica, a coleção dos escritos hipocráticos.Da

educação, neste sentido, distingue-se a formação do Homem por meio da

criação de um tipo ideal intimamente coerente e claramente definido.

Essa formação não é possível sem se oferecer ao espírito uma imagem do

homem tal como ele deve ser. A utilidade lhe é indiferente ou, pelo

menos, não essencial. O que é fundamental nela é o kalón, isto é, a

beleza, no sentido normativo da imagem desejada, do ideal. A formação

manifesta-se na forma integral do Homem, na sua conduta e comportamento

exterior e na sua atitude interior. Nem uma nem outra nasceram do acaso,

mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a

comparou ao adestramento de cães de raça. A princípio, esse adestramento

limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza. Obs: gnômico = sentencioso(Adaptado de Werner Jaeger, Paidéia: a formação do homemgrego. Trad. Artur M. Parreira, 4.ed., São Paulo: Martins Fontes,2001, p. 23-24)A utilidade lhe é indiferente ou, pelo menos, não essencial.É correto afirmar que, na frase acima,

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