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Ao apresentar a perspectiva local como inferior à perspectiv 2118

Ao apresentar a perspectiva local como inferior à perspectiva global, como incapaz de entender, de explicar e, em última análise, de tirar proveito da complexidade do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente dominante tem como objetivo fortalecer a instauração de um único código unificador de comportamento humano, e abre o caminho para a realização do sonho definitivo de economias globais de escala. Como resultado deste processo, o "modelo econômico" alcança sua perfeição, que não é somente descrever o mundo, mas efetivamente governá-lo. E esta é a essência mesma do paradigma moderno de desenvolvimento e de progresso, cujo estágio supremo de perfeição a globalização representa.

Fica claro que a escala não poderia ser melhor ou maior do que sendo global e é somente neste nível que a sua primazia e universalidade são finalmente afirmadas, junto com a certeza de que jamais poderia surgir alguma alternativa viável ao sistema ideologicamente dominante fundado no livre mercado, dada a ausência de qualquer cultura ou sistema de pensamento alternativo.

Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz, creio que não poderemos escapar da conclusão de que o processo é totalmente coerente com as premissas da ideologia econômica que têm se afirmado como a forma dominante de representação do mundo ao longo dos últimos 100 anos, aproximadamente.

A globalização não é, portanto, um acontecimento acidental ou um excesso extravagante, mas uma extensão simples e lógica de um "argumento". Parece realmente muito difícil conceber um resultado final que fizesse mais sentido e fosse mais coerente com as bases ideológicas sobre as quais está fundado. Em suma, a globalização representa a realização acabada e a perfeição do projeto de modernidade e de seu paradigma de progresso.

G. Muzio. A globalização como o estágio de perfeição do paradigma

moderno: uma estratégia possível para sobreviver à coerência do processo.

Trad. Luís Cláudio Amarante. In: Francisco de Oliveira e Maria Célia Paoli (Org.).

Os sentidos da democracia. Políticas do dissenso e hegemonia global.

2.ª ed. Petrópolis - RJ: Vozes; Brasília: NEDIC, 1999, p. 138-9 (com adaptações).

Com relação aos sentidos e a aspectos lingüísticos do texto, julgue o item seguinte.

A supressão da vírgula logo após o termo "humano" não prejudica a correção gramatical do texto.

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