Leia a crônica a seguir, escrita por Millôr Fernandes.
“Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que teimam em viver, são entrevados. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior do que a arcada. Ser gagá é ficar pensando o dia inteiro em como seria bom ter trinta anos ou, vá lá, quarenta, ou mesmo, ó Deus, sessenta! É só pensar em comer, como na infância. É chamar de menina à quarentona. Ser gagá é o orgulho vão de ainda ter cabelo e poucos brancos! É a felicidade de ter dentes próprios. É carregar o corpo o tempo todo. É ter sabido francês, e esquecido. É dizer, como um feito, que ainda lê sem óculos. É ouvir que alguém diz, quando passa na rua: inda está firme!”.
(Texto com adaptações)
Na última frase do texto, o uso da palavra “inda” ocorre para indicar uma expressão de:
erudição.
oralidade.
desrespeito.
formalidade.