Leia o relato a seguir, escrito por Clarice Lispector, para responder às próximas questões.
“Quem nunca roubou não vai me entender. Eu, em pequena, roubava pitangas. Havia uma igreja presbiteriana perto de casa, rodeada por uma sebe verde, alta e tão densa que impossibilitava a visão da igreja. A sebe era de pitangueira. Mas pitangas são frutas que se escondem: eu não via nenhuma. Então, olhando antes para os lados para ver se ninguém vinha, eu metia a mão por entre as grades, mergulhava-a dentro da sebe e começava a apalpar até meus dedos sentirem o úmido da frutinha. Muitas vezes na minha pressa, eu esmagava uma pitanga madura demais com os dedos que ficavam como ensanguentados. Nunca ninguém soube. Não me arrependo: ladrão de pitangas tem cem anos de perdão”.
(Com adaptações)
O texto se conclui com a afirmação de que “ladrão de pitangas tem cem anos de perdão”. Marque a opção que indica o recurso linguístico utilizado pela autora nesse trecho.
Alusão, pois faz referência ao provérbio popular, segundo o qual “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
Antítese, pois independentemente do tamanho do furto, há um paradoxo em não ter sido aplicada a devida justiça nesse caso.
Cacofonia, no intuito de dar ênfase aos sons e sensações presentes em toda a sua narrativa.
Prosopopeia, como é típico dos textos autobiográficos, em que se percebe nitidamente a humanização do próprio autor.